Liniker rompe barreiras e encanta com 'Caju'
- Gabriela freire freitas
- 13 de set. de 2024
- 4 min de leitura

Eu nunca gostei da fruta caju. Deve ser porque eu sou chata com frutas, mas, depois que ouvi o novo álbum da Liniker, caju se tornou a minha fruta favorita - e olha que nunca comi.
Em seu novo álbum “caju”, Liniker mostra todos os seus lados e é o que nos encanta, porque você ouve a música, se imagina nela, se identifica e se pergunta: "quem é caju? E por que me identifico com ela?".
É engraçado pensar que, na verdade, "caju" é um álter ego que a cantora usa para se apresentar ao público. Esse nome surgiu quando uma moça comentou que a boca de Liniker lembrava um caju. A partir dessa identidade, ela compartilha histórias pessoais com mais liberdade. Um exemplo disso é a música "Tudo", onde narra um romance vivido durante uma turnê e fala sobre a expectativa de reviver esse amor.
Para mim, “Caju” é um trabalho que reflete a maturidade e a evolução artística de Liniker. Em entrevistas, ela mencionou que não poupou esforços nas composições, criando faixas longas e detalhadas. O álbum explora uma variedade de gêneros musicais, incluindo blues, pop, reggae e até pagode. Esse trabalho marca uma nova fase na carreira de Liniker, evidenciando sua maturidade e evolução artística. Ela mesma confessou, em diversas entrevistas, que se entregou por completo às composições, criando faixas detalhadas e com sonoridades ricas. O álbum transita por uma diversidade de gêneros – do blues ao pagode – e é, sem dúvida, uma jornada sonora repleta de experimentações e sentimentos.

Com participações especiais, entre eles Lulu Santos, Pabllo Vittar, BaianaSystem, Melly, Priscila Senna, entre outros, Liniker mostra como os sentimentos podem se transformar em arte. Contrariando as tendências do mercado musical atual, ela lançou um álbum com faixas mais longas. Logo no início, apresenta três músicas com mais de sete minutos: "Veludo Marrom", "Ao Te Lado" e "Me Ajude a Salvar Os Domingos". As duas primeiras têm um tom romântico que eu simplesmente amei, me levou para um lado romântico meu que eu não sabia que existia, e "Ao Teu Lado" conta com a colaboração de Anavitória e Amaro Freitas, que sendo bem sincera, as vozes casaram completamente. Quando eu a ouvi pela primeira vez, me senti estranha, porque geralmente não estou acostumada a ouvir músicas calmas, mas quando ouvimos pela segunda vez, um sentimento caloroso te abraça. Já em "Me Ajude a Salvar Os Domingos", a percussão ganha destaque e boa parte da música é instrumental.
Em algumas canções, ela dá aquela leve flertada com o chorinho e o samba, enquanto em outras revela sua versatilidade ao acompanhar os convidados. Em "Negona Dos Olhos Terríveis", por exemplo, canta ao lado do BaianaSystem, com as batidas marcantes do grupo - eu amei essa música e me identifiquei, viu? Já em "Deixa Estar", uma faixa dançante, colabora com Lulu Santos e Pabllo Vittar. Outra participação especial é do Tropkillaz, na única música em inglês do álbum, "So Special".
O álbum encerra com Liniker lendo uma carta para Caju, fazendo referência à cena de Kill Bill, quando a protagonista tenta mexer o dedo ao despertar de um coma. Nesse trabalho, a cantora busca abraçar tudo, explorando diferentes ritmos e se aproximando ainda mais de seu público. Ela abre seu coração, compartilha suas preferências e traz letras que falam de amores possíveis e repletos de esperança.
Não posso falar que tenho uma música favorita desse álbum, porque todas elas são incríveis. “Deixa estar” me prendeu pela batida, o refrão me fez dançar e cantar pela casa como uma louca, a voz da Pablo foi o que mais me prendeu nessa música, ela mexeu com algo dentro de mim que eu não sei explicar. “Negona dos olhos terríveis”, não só me prendeu desde o primeiro segundo como fez eu me sentir uma negona daquelas, que tem uma saia, aquele molho no gingado e no olhar e um sonho.
Eu poderia ficar aqui até amanhã, falando de todas as músicas desse álbum, mas, como nosso tempo é curto, eu vou ser breve. Liniker foi um achado nesse mundo da música brasileira, ela é uma mulher negra que vai voar muito - e que já está voando, essa semana seus shows esgotaram em minutos.

Ela mostra em cada música desse álbum um pouco dela e que nos identificamos um pouco. Em cada música, nos vemos nesse alter ego que é caju. Em cada faixa podemos dançar, chorar, cantar, refletir, sensualizar…podemos simplesmente sentir tudo que quisermos.
Cada faixa traz uma oportunidade de dançar, cantar, refletir e até se deixar levar pela sensualidade de Liniker. As letras carregam amores possíveis, momentos intensos e, sobretudo, uma perspectiva esperançosa da vida. Para nós, fãs, é uma oportunidade de conhecer mais essa grande artista negra brasileira, nos encontrar nela e até nos identificar com cada faceta que é revela. A recepção ao álbum tem sido extremamente positiva, com milhões de plays nas primeiras 24 horas de lançamento e várias faixas entrando no top 100 Brasil, além de esgotar os três primeiros shows da turnê - e fiquei tanto na expectativa de conseguir um ingresso, que mesmo por horas no site, não consegui...Liniker se quiser me dar um ingresso para cobrir o seu show, eu ficaria muito feliz.
Se ainda não ouviu “Caju”, recomendo que se permita essa experiência. Mais que um álbum, ele é um convite para explorar novas sonoridades, emoções e, quem sabe, descobrir um pouco mais de si mesmo através da arte de Liniker. Como jornalista e fã, é impossível negar: Liniker já é um dos grandes nomes da música brasileira, e “Caju” é um marco em sua trajetória.
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